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sábado, 23 de abril de 2011

Leitura: uma prática social na escola

      Para que nossos alunos se tornem leitores,efetivamente, e para que a leitura seja uma prática social em sua vidas, é preciso que ela comece a se tornar uma prática relacionada a esta dimensão também na escola- porque, para muitos alunos, a escola é o ambiente em que eles mais terão contato com materiais de leitura.
Alguns escritores, ao contarem como começaram a ler e a se interessar pela escrita, referem-se às bibliotecas com as quais tiveram contato em sua infância, bibliotecas de seus pais e avós.João Ubaldo Ribeiro,por exemplo, refere-se com encantamento à grande quantidade de livros que havia em sua casa em Aracajú:
 " Não sei bem dizer como aprendi a ler. A circulação entre livros era livre (tinha que ser, pensando bem,porque eles estavam pela casa toda,inclusive na cozinha e no banheiro), de maneira que eu convivia com eles todas as horas do dia, a ponto de passar tempos enormes com eles aberto no colo,fingindo que estava lendo, porque quando havia figuras, eu inventava as histórias que elas ilustravam e, ao olhar as letras, tinha a sensação de que entendia nelas o que inventava."
Dada a situação sócio-econômica do nosso país, ter uma biblioteca em casa, ter uma casa repleta de livros é algo impensável para a maioria dos nossos alunos, para a maioria dos leitores brasileiros. A escola,então, é a grande biblioteca para muitos deles.
Clarice Lispector, no conto "Felicidade Clandestina" , criou uma situação bastante diferente desta vivida por João Ubaldo: a de uma menina que desejava ardosamente ler as Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato, livro que uma amiga de escola tinha, mas que insistia em não lhe emprestar. Ela finalmente conseguiu ter o livro, por intervenção da mãe de sua amiga. Quando finalmente ela teve em suas mãos, ficou deslumbrada:
"Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima das minhas posses (...)
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter.Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o  de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com  manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era felicidade."
Na história destas duas crianças, uma que tinha muitos livros, e outra que não tinha, a leitura desempenhou um papel fundamental, transformador e lúdico.Na vida de muitas crianças, é o professor(a) que desempenha esta função de apresentar-lhes os livros, ajudá-los a escolher um dentre os vários títulos, estimular a leitura  de alguns livros em particular, ensinar a maneira de ter acesso aos livros, por meio das bibliotecas.

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