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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Homem pra chamar de seu

                                   http://pt.wikipedia.org/wiki/Gustav_Klimt
                                      
                                       Homem pra chamar de seu                        

                                         Sensuais  delírios,
                                  Brotam na cena.
          Círculos, quadrados,
   Flores, colares, retângulos.
                    luxo!
                 Esse ”ficar”;
        seria amar?
 Alma vestida de dourada,
                      Beijos, carinhos do homem que poderia
Chamá-lo de “seu”.
                         ( mesmo que  “não” seja eu).
Coberta/ descoberta,
Surge a nudez
                                        à moda vienense.
   Formas cor de ouro,
          Seria  outono?

Mediadores de leitura: Mediadores de leitura: A cigana

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Mediadores de leitura: A cigana

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segunda-feira, 23 de maio de 2011

A cigana

                                                         A cigana

Cigano-Segundo o Dicionário Aurélio: Indivíduo de um povo nômade, provavelmente originário da Índia e emigrado em grande parte para a Europa Central, de onde se disseminou, povo esse que tem um código ético próprio e se dedica à música vive de artesanato, de ler a sorte, barganhar cavalos.Assis_Machado._A_Cartomante[1].pdf
       Era sábado, e a charmosa Maria Tereza explicava ao Beto o que lhe acontecera pela manhã enquanto realizava a sua caminhada diária pela avenida. -Uma cigana leu minha sorte. Ela insistiu .  Antes de mostra minha mão, foi logo dizendo que estava apaixonada por alguém. Mas que estava balançada porque não tinha absoluta certeza de ser correspondida. 
          Eduardo achou engraçado. - Não acredito em adivinhações.  – Gosto realmente de você e nada impedirá que nos encontremos sempre.  Abraço-a e beijou-a. Amo você e não te esquecerei jamais. Mas acreditar em cigana, aí já demais. Se precisar de uma cigana sempre estarei aqui. Não precisa ficar se expondo dessa maneira...  Temos de ser discretos. E se o Beto ficar sabendo?
        Qualquer um que visse Maria Tereza, Beto e Eduardo entrarem no prédio, da Avenida sete de Setembro, Edifício Las Vegas, não estranharia. Os três moravam lá.  Beto e Maria Tereza no apartamento 501 e Eduardo 502.
Beto e Eduardo eram amigos de longa data. Faziam trilha, churrasco, se encontravam para uma cervejinha. Eram colegas de aula. Eduardo fez vestibular para Direito e mudou-se para Porto Alegre. Beto não era chegado aos estudos. Decidiu entrar para o Clube do “Nadismo”. Dormia, jogava Playstation, navegava na net, andava de moto, mas trabalho que é bom, nada.Maria Tereza era cheia de vida e de sonhos. Trabalhava de dia e estudava à noite. Cursava Direito.
Eduardo morou muitos anos fora de Sarandi. Casou descasou e resolveu voltar para a sua terra natal acompanhado de sua mãe.
-Meu amigo vai voltar para Sarandi. Acabei de ler seu e-mail.
-Maria!!, Era assim que Beto a chamava vou indicar o apartamento ao lado para o Edu morar, tudo bem?
-Sim, sim. Ela atarefadíssima. Roupa na máquina. Google pesquisando etc..-  Não o conheço, mas por mim tudo bem...
-Tudo bem, cara. Me liga quando chegar.
Mensagem lida: Chegarei amanhã, ônibus das 17h. Edu
Beto e Maria Tereza foram receber o amigo que chegava a cidade, após longos anos de ausência.
Eduardo percebeu logo o porquê da felicidade do amigo. Maria Tereza era realmente muito bonita, lábios carnudos, pele cor de cuia, sensual e culta.
-Que bom conhecê-lo!
-Beto, sempre fala com carinho da amizade de vocês.
Eduardo e sua mãe satisfeitos com a recepção calorosa que tiveram. Rodoviária, jantar e ainda vizinhar.  Amigos perfeitos, pensou, Edu.
Mas perfeito mesmo achou Maria Tereza: lindaaaaa, simpática. Encantadora. Aparentemente mais nova que Beto. Ela parecia ter 26 e ele uns 28 anos.
Edu e Beto eram muito próximos. Se divertiam com  motos,corridas de Fórmula 1, Pub e jantares às escondidas, de Maria Tereza. Ela era quem mantinha a casa com seu trabalho de secretária em uma Clínica Médica. Chegava em casa exausta. Acordava às 6 horas. Dormia muito tarde. Parecia não se incomodar com as saídas de Beto. Ou fazia que não se importava. Isso não fica claro. Edu estranhava o comportamento do amigo. Ele tinha maior facilidade em “ficar” com outra mulher. Ou até duas, na mesma noite.
A morte vem sorrateira. A mãe de Eduardo morre de AVC ( Acidente Vascular Cerebral ).Beto e Maria Tereza foram incansáveis. Ele ajudou a providenciar os atos de encomendação do corpo, avisar parentes e amigos; ela foi a enfermeira da alma, do coração apaixonado de Eduardo. Ela mandava mensagens de otimismo e fé para Edu.Os três conviviam diariamente.Edu estava muito apegado aos “amigos”, mas principalmente a Maria Tereza. Ele estava envolvido, loucamente apaixonado. Não passava um dia  na vida de Edu, sem que fosse  visitar  os vizinhos do 501.Algumas vezes Beto acordava e dava de cara com Edu, já no seu apartamento.Sempre bem recebido, é claro.  Acima de qualquer suspeita estavam os laços de amizade. Tudo corria normal.
Estranhamento e dúvidas marcaram o aniversário de Edu. Mensagem de texto enviada, convidando-os para o seu aniversário. Churrasco e cerveja na Associação dos Advogados com a turma toda para comemorar meus 30 anos. Confirmar presença.  Edu recebeu somente uma mensagem enviada por Maria Tereza: Parabéns.
Passado alguns dias, Edu estremecia quando tocava seu celular. Começou a receber algumas mensagens anônimas as quais insinuavam o possível caso de amor. Logo veio a cabeça de Edu, aquela cigana ... Mas descartou a possibilidade. As mensagens continuavam. Agora mais frequentes e intensas. No celular e no computador. Achou melhor se afastar um pouco da casa dos amigos. - “Preciso dar um tempo”.
Maria Tereza entrou em pânico. Edu não a visitava mais, não atendia as suas ligações, simplesmente sumiu. E foi aí que a cigana entra novamente para a história. Maria Tereza foi procurá-la.  Sorte ou azar, os ciganos ainda permaneciam na cidade, por conta de um casamento cigano. Segundo a tradição a festa pode durar até um mês. Ao se encontrar  com a, velha cigana esta foi logo dizendo em  portunhol:- puedes ficar tranquila. Maria Tereza resolve então procurar novamente por Edu. Mas dessa vez arrisca tudo: vai em seu apartamento. Conta para Eduardo que foi conversar com a cigana. Este não aprovou a ideia. Combinam que Edu deve voltar a frequentar a sua casa. Eduardo deveria procurar por seu amigo. Objetivo: que Beto não desconfie. Tudo isso não minimizou o medo de Edu, que tudo venha à tona. Os encontros dão-se no apartamento de Eduardo.
Havia meses que os três não se encontravam. Edu parou de receber torpedos. Começou a receber cartas anônimas  a-pai-xo-na-dis-sí-mas. Ficou grilado. Quem estaria escrevendo? Seria Maria  Tereza? Claro que não. O medo e pavor tomou conta de Eduardo. Resolveu meter a cara no trabalho.
Manhã de sábado. Maria Tereza caminhava como de costume.Chega  em casa.Encontra Beto realizando uma tarefa inusitada:  fatiando legumes. Beto tinha uma expressão  de desconfiança. Algo diferente havia no ar naquele momento. Ela pressentiu. Um frio estranho percorreu seu corpo. Conhecia seu companheiro.Mesmo assim tentou quebrar  o clima pesado que pairava no ar do apartamento 501. Nesse momento se passou um filme em 3D, pela cabeça de Maria Tereza. Sentia alegria, tristeza, pena e felicidade, arrependimento ao mesmo tempo. Respirou fundo e perguntou:
-Que temos para o almoço? Sem responder, Beto ataca-a com a faca que cortava legumes.
11 horas. Eduardo recebe a seguinte mensagem: Venha almoçar hoje em nosso AP.  Beto e MT
Eduardo não esconde seu nervosismo diante desse convite. Pensou em ir, em não ir, achou estranho, confuso. Caminhou em direção ao edifício Las Vegas. Esperou o elevador. Resolveu subir de escada. Desistiu. Voltou a caminhar pela rua. Sem rumo, sem direção. Lembrou da cigana. Foi a sua procura até uma vila nas proximidades da cidade. A cigana convidou-o para sentar e pediu-lhes que mostrasse a sua mão.
  A velha cigana, acalmou-o dizendo que nada iria separá-los. Maria Tereza estava bem e que o convidaria para um encontro , talvez hoje, em sua casa. Como sabemos, cigana que é cigana cobra por seus serviços. E cobrou e muito. R$ 180,00. Edu pagou com gosto e satisfação. Era tudo o que ele queria ouvir. Pode ir ao encontro deles.  Sairá tudo bem. Eduardo passou do estado de medo e desespero, para um estado de calma e tranqüilidade. O relógio já marcava 12 horas. Resolveu se apressar. Tomou um táxi. Chegou a  Av. sete de setembro, entrou rapidamente no Las Vegas. Chamou o elevador. Tocou a campainha do 501. Beto abre a porta.
- Oi, cara desculpe chegar em cima da hora. Me atrasei. Caminha até a cozinha, como de costume, e vê Maria Tereza. Caída ao chão. A faca ainda gravada no seu peito. Cena para nunca mais esquecer da sua memória. Beto arranca a faca do corpo de Maria Tereza e crava-a nas costas de Eduardo.







Mediadores de leitura: Reescrita do Conto "A Cartomante"

Mediadores de leitura: Reescrita do Conto "A Cartomante": "SEPARAÇÃO Tendo estudado em tradicionais escolas de Sarandi, Inácio e José faziam planos para o futuro. Inácio sempre sonhou em ser Desig..."

domingo, 22 de maio de 2011

Reescrita do Conto "A Cartomante"


SEPARAÇÃO

Tendo estudado em tradicionais escolas de Sarandi, Inácio e José faziam planos para o futuro.  Inácio sempre sonhou em ser Designer e José um renomado Médico Ginecologista.  Os dois em sua adolescência faziam grandes planos de estudar  e morar juntos em outra cidade durante a graduação.
Apesar dos planos de ambos, os sonhos não se concretizam. Inácio não consegue aprovação no curso de Designer e ingressa no quadro de funcionários do Banco do Brasil onde opta pela carreira de administrador. Já José realiza o seu sonho de ser médico e especializa-se em ginecologia, casa-se com Elisa, mulher graciosa e exuberante.
Em Sarandi aumentam as possibilidades de crescimento profissional e consequentemente surge uma vaga para José, Pois este vê o edital de concurso público, para prefeitura de Sarandi. Entra em contato com o velho amigo e reacendem a amizade. Inácio providencia todo o necessário pra auxiliar José, que é aprovado no concurso e tem sua nomeação homologada.
Inácio dispõe-se a procurar imóveis para o casal, seleciona os que melhor se adequam as necessidades deles e no dia combinado, fica a espera do casal amigo para acompanha-los. Por imprevistos José não aparece. Inácio vai ver os imóveis acompanhado de Elisa. Ao  conhecê-la Inácio encanta-se sua  beleza e com a praticidade com que resolve as situações. Uma mulher envolvente e sedutora.
Ao final do dia combinam encontrar-se os três  para jantar. Enquanto jantam Inácio e José relembram fatos que marcaram as suas infâncias. Elisa sempre muito elegante participa da conversa atraindo muito a atenção para si. Ao final do encontro Inácio não consegue parar de pensar em Elisa.
No dia seguinte Elisa encontra Inácio no supermercado e vão tomar um sorvete. Os dois já envolvidos percebem-se atraídos um pelo outro. E todos os dias fazem a academia e saem juntos. Inácio se sente culpado e busca aconselhar-se com irmã Luana, uma vidente que lê tarô e búzios. Nesta consulta ela aconselha Inácio a seguir o seu coração.
Incomodado com esta situação Inácio decide dar um tempo, e busca ocupar-se com outras atividades: futebol com amigos, curso de idiomas,  jogo de cartas, pescaria... Certo dia ao retornar do futebol, Inácio acessa seus e-mails e encontra em sua caixa postal uma mensagem de remetente desconhecido alertando sobre o perigo do envolvimento com a mulher de seu amigo.
Assustado ao perceber que alguém conhece a sua história,  ele procura ajuda  num guia espiritual, o qual sugere que Inácio afaste-se de Elisa. As mensagens são constantes em seu correio eletrônico, que o força a tomar a atitude de pedir transferência de agência e cidade.
Assim que José fica sabendo da mudança do amigo, vai ao seu encontro que acaba em agressões e insultos. Extremamente envergonhado, e vendo que o amor que sente por Elisa não será possível, sentindo-se só e num ato de total desespero suicida-se.
Vinícius  já dizia: De repente do riso fez-se o pranto. Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento. E do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente. Fez-se de triste o que se fez amante. E de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante. Fez-se da vida uma aventura errante. De repente, não mais que de repente. 




domingo, 15 de maio de 2011

hipermídia da educação

                    HIPERMÍDIA DA EDUCAÇÃO
 Vivemos hoje sob a influência de um processo de globalização no qual as novas tecnologias se destacam, causando profundas alterações na sociedade em que vivemos. À medida que marcam sua presença na sociedade, estas tecnologias afetam valores, identidades, formas de trabalho, formas de pensar e de sentir (Piscitelli, 1997). Idéia esta compartilhada por Moran (1998) que destaca a presença de mudanças também em vários conceitos como os de espaço, de tempo, do que é real e virtual, do que é tradicional e inovador.
              A enorme velocidade com que se desenvolve a tecnologia torna difícil determinar seus rumos, sua qualidade e suas aplicações educativas. Por outro lado, a educação se move tão lentamente que a distância entre a tecnologia e o processo educativo se torna cada vez mais ampla. Concordamos com Sancho (1999) em relação a atitude a ser adotada diante desta realidade, ou seja, a necessidade de nos apropriarmos dos processos desenvolvendo habilidades que permitam o acesso e o controle das tecnologias e de seus efeitos. Daí a importância de se formar professores sintonizados com a sociedade tecnológica (Leite & Silva, 2000). São da mesma opinião Batroo e Denham (1997), que defendem a necessidade de se formar um número cada vez maior de docentes e profissionais, pois serão eles que estarão aptos a escolher corretamente seus próprios instrumentos digitais para o ensino e a aprendizagem comercial.
                No que diz respeito à educação, Piscitelli (1997) ressalta que uma mudança importante introduzida pela presença das redes de computadores, quanto à produção de conhecimento, é que ele não mais se constrói apenas indutiva ou dedutivamente, mas de forma interativa. Destacando o potencial das redes eletrônicas para a educação, Moran (2000) apresenta seus possíveis usos pedagógicos: (a) na divulgação do conhecimento; (b) na pesquisa; (c) no apoio ao ensino; e (d) na comunicação interpessoal. Não é surpresa para os professores que já utilizaram tecnologia em sala de aula que este processo é longo e árduo (Silva, 1997, 1999).
           Introduzir computadores, ferramentas de telecomunicações ou qualquer outro recurso tecnológico nas experiências de aprendizagem dos alunos não resulta automaticamente na melhoria da aprendizagem. Para que haja uma maior integração dessas tecnologias no processo educativo é necessário que os professores: (a) sintam-se confortáveis ao utilizar a tecnologia; (b) explorem recursos de ensino como software educativo, CD-ROM, Internet para identificar aqueles que possam enriquecer o seu curso; (c) repensem o seu curso para determinar a melhor maneira de integrar essa tecnologia nos seus planos de aula; (d) revejam os planos de aula para incorporar a tecnologia; (e) testem os planos na sala de aula; (f) avaliem como eles funcionam; e (g) refinem suas aulas (McGrath,1998). A realidade da sociedade atual gera necessidade de mudanças. Especialmente na educação devido ao seu importante papel na formação do novo cidadão exigido por esta sociedade, torna-se cada vez mais necessário o devido preparo dos educadores para lidar com as redes de computadores. Ressaltamos que a necessidade de formação de professores via rede se coloca como mais um caminho possível na tentativa de ajustar esta formação ao momento atual, não invalidando práticas pedagógicas mais tradicionais. Na próxima seção, são discutidas algumas estratégias de formação.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

De verdura e leitura

De verdura e leitura

 

De verdura e leitura

Helena Maria Gramiscelli Magalhães

Ao longo dos anos de exercício do magistério, venho ouvindo chavões e máximas que penetram o processo educacional que se impregna dessas sandices e as perpetuam. Ando meio cansada deles, principalmente daquele que se refere ao (desenvolver o) gosto pela leitura.

Como ocorre isso? Não ocorre. Ninguém ensina ninguém a gostar de algo ou de alguém. Não posso, por exemplo, ensinar minha amiga solteira a gostar de um homem maravilhoso que conheço, ou se apaixonar por ele. Sou eu quem o acha galante e gentil cavalheiro, talhado para fazer par com ela. Que técnica poderia eu usar para que ela se interessasse por ele? Nenhuma. Isso não existe. No caso das paixões e dos amores, você troca olhares com uma pessoa e algo ocorre; é o famoso bateu, é o chan, que ninguém entende ou segura. Daí para frente, é só alegria, conquista fácil, se o chan bateu também tiver batido no parceiro.

Minhas netas nunca gostaram dos verdinhos, as decantadas verduras tão necessárias à alimentação de todos para garantir boa saúde; gostar delas é problemas para as crianças, aliás, para alguns adultos, também, crianças que já foram e delas bem se recordam.

Verdade nua e crua é que elas, as verduras, as tais verdinhas, são horríveis mesmo, não têm gosto algum, de nada. Se quisermos que elas tenham sabor, temos de adicionar sal, tempero, azeite, ou molhos, alcaparras, mostarda e, aí, sim, desfrutamos delas, achando que seu sabor é bom, quando esse gosto é proveniente não delas, mas indubitavelmente, dos temperos que a elas adicionamos.

Em função da boa saúde, e para atender às demandas dos ditos populares e dos nutricionistas de plantão, dizemos às crianças que as verduras são gostosas. É isso mesmo, a gente mente para as crianças na tentativa de enganá-las. Ledo engano, o desgosto se reflete em seus rostos, quando elas comem os tais verdinhos que, desacompanhados, não fedem, nem cheiram; são insípidos. E, embora eu admita sempre que elas sejam essenciais à saúde, sou frontalmente contra as mentiras, principalmente as desnecessárias, quando se trata de como lidar com crianças ou adolescentes em seu processo de formação física, moral e psicológica. E, considero mentira desnecessária, tanto dizer às crianças que verduras são gostosas, quanto dizer a quem não gosta de ler, que ler é bom.

Verduras são “gostosas” para quem já se acostumou a comê-las – sim, comê-las é questão de hábito, não de gosto –, sem discutir seu sabor e porque já entende o importante papel que elas desempenham como elementos fundamentais do processo de crescimento físico e mental dos indivíduos e no da manutenção da saúde.

Não discutirei as múltiplas facetas e utilidades dos vegetais em sua contribuição para uma alimentação completa e saudável, pois, muitos profissionais da área de nutrição já o fizeram. Comer verduras, hoje, é consenso, em termos de necessidade. No passado, as crianças não discutiam, comiam o que os pais mandavam e estes ignoravam a importância de se comer tais clorofilados, mas colocavam na mesa as folhinhas colhidas das suas hortas. Questão de desconhecimento científico, de hábito, e de economia.

Por isso, acho estranho, quando leio textos de teóricos do ensino de línguas dizerem que vão sugerir atividades cujo objetivo é desenvolver nos alunos o gosto pela leitura de textos escritos; fico surpresa, pois do mesmo modo como não podemos fazer alguém gostar de alguém, ou de verdinhas, não podemos fazer alguém gostar de fazer qualquer coisa, muito menos de ler textos escritos.

A questão é de dupla ordem. Primeiramente, só se pode desenvolver algo que já existe; é questão de semântica e lógica. Não posso desenvolver aquilo que não existe. Se o aluno não gosta de ler, como vamos desenvolver essa falta de gosto, esse gosto que não existe? Eu teria de esperar que ele nascesse de novo já com tal gosto. Em segundo lugar, mentiras têm pernas curtas – os que não gostam de ler, e eles existem, logo descobrem a fraude – e esta leva ao descrédito de quem a apregoa. Daí o risco que os profissionais do ensino das línguas correm ao repetirem afirmativas desse tipo.

Dizer, então, a um aluno que não gosta de ler textos escritos que vai desenvolver seu gosto pela leitura é mentira de discurso semântico e deslavado achincalhe à lógica filosófica, já que, como afirmei, não se desenvolvem entidades, coisas, objetos inexistentes. Se o aluno tem o gosto pela leitura, posso ajudá-lo a desenvolvê-lo, aprimorar sua capacidade interpretativa, até a chegar ao ponto de ele se tornar um viciado em leitura. Sonhar não é proibido! Porém, se o aluno não tem o gosto, tenho um problema que precisa de solução.

Como, por um lado, creio serem essas mentiras uma das causas de os alunos não acreditarem no ensino do português, que já anda enfrentando problemas sérios para ensinar leitura e escrita, já que o ensino depende do ler e do escrever bem, por outro, sabemos que muito já se discutiu sobre essas questões; acho é hora de enfocar as soluções.


Tanto para a verdura quanto para a leitura a solução é a mesma, única e simples: a verdade pura. Digam às crianças que verdura é horrível e nada tem de gostoso, mas que é remédio e, por isso, elas têm de comê-la, que não podem, a exemplo dos remédios, escolherem tomar ou não; elas têm de tomar. Com a verdura ocorre o mesmo: é preciso comer o remédio. Verdura é remédio contra as doenças.

Quanto à leitura de textos, digam o mesmo: se você acha que ler é ruim (e o é para alguns, assim como é puro encantamento para outros), pode continuar a achar. Digam aos alunos que vocês respeitam seu desgosto pela leitura, mas que precisam ler de qualquer modo, não por gosto ou vontade, mas por necessidade: leitura é remédio contra a ignorância; é medicamento tal qual a verdura. Leitura é antídoto contra o veneno da alienação, da opressão, da inculcação de valores escusos, contra o escamoteamento da verdade social e política. Ler institui um estado do saber tão legítimo que, depois de apropriado, ninguém pode tomar ou deletar.

É preciso que os professores aceitem os alunos que não gostam de ler. Eles não têm culpa de não gostarem de ler. Posso garantir isso, porque eu mesma odeio ler, mas leio e muito, todos os dias, por necessidade de estudo, boa saúde mental e sobrevivência no mundo global. Ninguém, mas ninguém mesmo, nem as mais sofisticadas técnicas utilizadas para desenvolver meu gosto pela leitura nesse mundo de Deus, fizeram-me gostar de ler. No entanto, alguém num passado bem distante, sabiamente, me aceitou como eu era: pária por não gosta de ler textos escritos, já que avaliava minhas outras leituras, as amenas como a de mundo e a das imagens que não costumam causar problemas. Esse alguém me ensinou, não a gostar de ler – tarefa inviável -, mas a formar o hábito de leitura, como remédio contra a ignorância e a maldade do mundo.

É isso mesmo, verdura e leitura (... e elas até rimam!) são remédios, uma contra doenças e a outra contra a ignorância, reitero, que têm de ser aplicados em doses homeopáticas, contínuas e progressivas; às vezes, elas precisam ser empurradas goela abaixo com sabedoria e, se vomitadas, devem ser tomadas de novo. Verdura e leitura exigem formação de hábitos, ou seja, que a gente se habitue a usá-las. Agradeço à mestra que me fez entender isso; acho que ela nunca se deu conta disso.

Helena Maria Gramiscelli Magalhães - Professora aposentada da Faculdade de Educação da UFMG, onde lecionou as disciplinas Prática de Ensino de Português e de Línguas Estrangeiras, Didática de Licenciatura e Fundamentos do Ensino de Língua Materna. Leciona no PREPES, pós-graduação da PUC- Minas, nos cursos de inglês e português, as disciplinas Análise do Discurso IV (O discurso do Humor) e Semântica II (O Discurso do Humor Negro Brasileiro), e Semantics and Translation, Morphosyntax e Metodologia da Pesquisa Científica III (Produção de Monografias).

 


 

 

Trabalhando com tirinhas

Trabalhando com tirinhas

Parte superior do formulário

Parte inferior do formulário


 


Dados da Aula

O que o aluno poderá aprender com esta aula

• Identificar a interrelação entre a linguagem verbal e não-verbal na e para a construção do sentido;
• mobilizar o conhecimento prévio (mundo, enciclopédico, linguístico), assim como realizar inferências para o cálculo do sentido;
• reconhecer a intertextualidade;
• desenvolver capacidade crítica, relacionando tirinha ao contexto sócio-histórico da humanidade.

Duração das atividades

2 aulas de 50 minutos cada.

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

O aluno deve conhecer as linguagens verbal e não verbal e suas especificidades em contextos de uso da língua. O estudante também deve ter noção do conceito de inferência, bem como saber o que seja a intertextualidade.

Estratégias e recursos da aula

• aula na sala de informática;
• atividades de interpretação textual realizadas em duplas.


 

Aula 1
Atividade

No laboratório de informática, o professor iniciará a aula pedindo aos alunos que se organizem em duplas. Cada dupla terá à sua disposição um computador conectado à internet e receberá instruções da atividade, quais sejam:


1) Acessar o link: http://clubedamafalda.blogspot.com/ (Acesso em 17/09/09)
2) Procurar a tirinha da Mafalda de número 411.


Disponível em: http://clubedamafalda.blogspot.com/

(Acesso em 17/09/09).

3) Responder o questionário referente a essa tira no programa WORD para, em seguida, anexar e enviar ao e-mail do professor da turma:

a) O que chama a atenção de Mafalda no primeiro quadro?
b) Conforme vestimentas do homem, vocês podem inferir a profissão dele?
c) O que acontece no segundo quadro?
d) No terceiro quadro é possível confirmar ou refutar a hipótese acerca da profissão do homem? O que lhes possibilitou isso?
e) Por meio da expressão fisionômica de Mafalda, verifica-se que ela ficou triste depois de seguir o homem e ver o que ele fez. Expliquem o motivo da tristeza.
f) É possível verificar uma crítica na tira? Se sim a quem ela é dirigida? Comentem.
g) A tira provoca humor? Comentem sua sensação ao lerem o texto.
h) A linguagem verbal esteve presente em todos os quadrinhos. Entretanto, em um, especialmente, ela teve maior relevância para o sentido. Em qual quadro foi? Expliquem o porquê.
i) Nesse sentido, o que podemos falar sobre as linguagens verbal e não verbal na composição da tirinha?

4) Na sequência, acessar o link: http://www2.uol.com.br/niquel/

5) Procurar a tirinha do Níquel Náusea do dia 4 do mês de setembro de 2009:


Disponível em: http://www2.uol.com.br/niquel/

(Acesso em 17/09/09).

6) Responder o questionário referente a essa tira no programa WORD para, em seguida, anexar e enviar ao e-mail do professor da turma:

a) No primeiro quadrinho, o homem afirma que irá morrer no deserto. Discutam: por que é possível morrermos em um deserto?
b) Podemos afirmar que o homem é cristão? Mesmo que minimamente, ele tem fé em algum segmento religioso?
c) Como vocês podem confirmar a resposta anterior, ou seja, o que os levou a essa conclusão?
d) Conforme conhecimento de mundo, por que o autor utilizou o urubu no segundo quadrinho ao invés, por exemplo, de uma cobra?
e) Expliquem o humor da tira.
f) Na opinião de vocês, qual tipo de linguagem (verbal ou não verbal) teve maior relevância à tira? Para isso pensem: será que a tirinha poderia ser apenas oralizada sem nenhum problema de entendimento? Expliquem.

7) Na próxima etapa, acessar o link: http://www2.uol.com.br/niquel/

8) Procurar a tirinha do Níquel Náusea do dia 21 de agosto de 2009:


Disponível em: http://www2.uol.com.br/niquel/

(Acesso em 17/09/09).

9) Responder o questionário referente a essa tira no programa WORD para, em seguida, anexar e enviar ao e-mail do professor da t urma:

a) Nesta t ira, há intertexto? Se sim , identifique-o.
b) Dois contextos sócio-históricos distintos são confrontados na tira. Identifique-os e comentem o porquê da escolha do autor para a produção dessa tira.
c) Por que o número 7: "7 mensagens de bom dia, 7 de boa tarde, 7 de boa noite"?

10) Acessar o link: http://uninuni.com/tirinhas/category/garfield/page/4/

11) Procurar a tirinha do Garfield – "Halloween I", do dia 31 de outubro de 2008:


Disponível em: http://uninuni.com/tirinhas/category/garfield/page/4/ (Acesso em 17/09/09).

12) Responder o questionário referente a essa tira no programa WORD para, em seguida, anexar e enviar ao e-mail do professor da turma:

a) Qual o tipo de linguagem desta tira?
b) A escolha de apenas um tipo de linguagem influenciou a leitura da tira (pensar em velocidade, compreensão, etc)? Comentem.
c) Mobilizando o conhecimento de mundo de vocês, a abóbora, da maneira como se apresenta na tira, relaciona-se a qual acontecimento sócio-histórico? Expliquem o que lhes possibilitou chegar a essa conclusão.
d) Vocês conseguem perceber "movimento" na tira? Para isso, reparem na sucessão dos quadrinhos.
e) Infiram por que Garfield, no último quadrinho, aparece sorrindo.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

Mediadores de leitura: Apenas Mais Uma De AmorLulu SantosComposição : Lul...

Mediadores de leitura: Apenas Mais Uma De AmorLulu SantosComposição : Lul...: "Apenas Mais Uma De Amor Lulu Santos Composição : Lulu Santos / Nelson Motta Eu gosto tanto de você Que até prefiro esconder Deixo assim fica..."

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Diferentes Linguagens...



"A infância é o tempo de maior criatividade na vida de um ser humano."
(Jean Piaget)


Ursinho Pimpão
Composição : Edgard Poças
Vem meu ursinho querido
Meu companheirinho
Ursinho pimpão
Vamos sonhar aventuras
Voar nas alturas
Da imaginação
Como na história em quadrinhos
Eu sou a sininho
Você peter pan
Vamos fazer nossa festa
Brincar na floresta
Ursinho tarzan
Enquanto o sono não vem
Eu sou chapeuzinho,
Você meu galã
Dança também [pimpão]
Pelo salão [pimpão]
É tão bonita
Nossa canção (refrão)
Manhã já vem [pimpão]
Dorme pimpão [pimpão]
Urso folgado
Não tem lição
Vem meu ursinho querido
O ator preferido
Da minha estação
Vou te sonhar colorido
Pegando o bandido
Na televisão
Vamos deixar o cansaço
Dormir num abraço
Meu velho amigão
Não fique triste zangado
Se eu viro de lado
Te jogo no chão
Ah meu ursinho palhaço
Teu circo é um pedaço
Do meu coração
(refrão)

domingo, 8 de maio de 2011

PARA LER POESIA

Atividades de oralidade com poemas auxiliam turmas de 4º e 5º anos a descobrir a beleza da linguagem e a recitar com fluência e entonação

"A poesia tende a chamar a atenção da criança para as surpresas escondidas na língua." A frase, do poeta José Paulo Paes (1926-1998), ilustra o potencial do gênero para despertar o gosto pelo uso da linguagem com fins estéticos. Por isso, nada mais natural do que explorar as brincadeiras sonoras desse tipo de texto, certo? Pode ser natural, mas não é usual. "Na maioria das vezes, as escolas lêem poemas apenas para buscar informações", afirma Cláudio Bazzoni, selecionador do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. Muitas esquecem que incentivar a turma a ler poemas em voz alta é uma ótima estratégia para trabalhar conteúdos da oralidade, como sonoridade, rimas e ritmo

Por onde começar? Do 1º ao 3º ano, a sugestão é apresentar poemas divertidos que explorem o som das palavras, com onomatopéias (vocábulos que imitam barulhos) ou trava-línguas (versos difíceis de pronunciar). A partir do 4º ano, é possível usar textos mais complexos, aprofundando a relação entre o escrito e o falado e entre a forma e o conteúdo.

A fala exprime sentimentos

A intervenção do professor deve ressaltar que a interpretação oral é essencial para transmitir o sentido adequado do poema. "Para que a leitura seja objeto de reflexão, o aluno precisa saber o porquê de estar lendo de determinada forma", diz Ana Flávia Alonço Castanho, também selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. A entonação, a pontuação e o ritmo podem indicar tristeza, alegria, questionamento ou indignação. Para que a garotada perceba essas escolhas, duas ações são importantes. A primeira, prévia à leitura em voz alta, é explorar o sentido do poema: o entendimento do texto é essencial para a interpretação oral. A segunda é ressaltar as especificidades da poesia, como as licenças poéticas e as falsas terminações (versos que encerram a idéia no verso seguinte e não devem ser lidos com pausa no final).

Outra recomendação é relacionar a compreensão do texto pelos alunos com a possível intenção do autor. Embora não seja uma questão de certo ou errado - a interpretação de um poema é, em grande medida, subjetiva -, é interessante comparar a leitura da turma com a do próprio poeta (leia à direita uma seqüência didática que utiliza essa estratégia). Além disso, levar os alunos a confrontar as próprias estratégias de leitura (pedindo para lerem mais de uma vez) e as dos colegas ilumina semelhanças e diferenças sobre qual tipo de sentimento cada um quis transmitir com seu tom de voz, por exemplo.

Ler e entender: forte ligação  

O professor também pode alterar elementos na leitura. Experimente ler para a classe sem enfatizar as rimas - isso fará as repetições "sumirem", deixando claro que o jeito como se fala é essencial na poesia. De resto, é permitir que as crianças apreciem a beleza do gênero, atendendo ao apelo de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): "O que eu pediria à escola era considerar a poesia primeiro como visão direta das coisas e depois como veículo de informação prática e teórica, preservando em cada aluno o fundo mágico, lúdico, intuitivo e criativo que se identifica basicamente com a sensibilidade poética"

Há um site especializado em Poesia para crianças, recomendado para profissionais: a Revista Eletrônica Tigre Albino http://www.tigrealbino.com.br.

Há diferentes seções sobre Poesia, com a colaboração de especialistas que escreveram um texto, entrevistaram um poeta, resenharam um livro. Os editores são as especialistas Maria da Glória Bordini, Regina Zilberman e o poeta Sergio Caparelli. Vale a pena conhecer!


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