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domingo, 8 de maio de 2011

PARA LER POESIA

Atividades de oralidade com poemas auxiliam turmas de 4º e 5º anos a descobrir a beleza da linguagem e a recitar com fluência e entonação

"A poesia tende a chamar a atenção da criança para as surpresas escondidas na língua." A frase, do poeta José Paulo Paes (1926-1998), ilustra o potencial do gênero para despertar o gosto pelo uso da linguagem com fins estéticos. Por isso, nada mais natural do que explorar as brincadeiras sonoras desse tipo de texto, certo? Pode ser natural, mas não é usual. "Na maioria das vezes, as escolas lêem poemas apenas para buscar informações", afirma Cláudio Bazzoni, selecionador do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. Muitas esquecem que incentivar a turma a ler poemas em voz alta é uma ótima estratégia para trabalhar conteúdos da oralidade, como sonoridade, rimas e ritmo

Por onde começar? Do 1º ao 3º ano, a sugestão é apresentar poemas divertidos que explorem o som das palavras, com onomatopéias (vocábulos que imitam barulhos) ou trava-línguas (versos difíceis de pronunciar). A partir do 4º ano, é possível usar textos mais complexos, aprofundando a relação entre o escrito e o falado e entre a forma e o conteúdo.

A fala exprime sentimentos

A intervenção do professor deve ressaltar que a interpretação oral é essencial para transmitir o sentido adequado do poema. "Para que a leitura seja objeto de reflexão, o aluno precisa saber o porquê de estar lendo de determinada forma", diz Ana Flávia Alonço Castanho, também selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. A entonação, a pontuação e o ritmo podem indicar tristeza, alegria, questionamento ou indignação. Para que a garotada perceba essas escolhas, duas ações são importantes. A primeira, prévia à leitura em voz alta, é explorar o sentido do poema: o entendimento do texto é essencial para a interpretação oral. A segunda é ressaltar as especificidades da poesia, como as licenças poéticas e as falsas terminações (versos que encerram a idéia no verso seguinte e não devem ser lidos com pausa no final).

Outra recomendação é relacionar a compreensão do texto pelos alunos com a possível intenção do autor. Embora não seja uma questão de certo ou errado - a interpretação de um poema é, em grande medida, subjetiva -, é interessante comparar a leitura da turma com a do próprio poeta (leia à direita uma seqüência didática que utiliza essa estratégia). Além disso, levar os alunos a confrontar as próprias estratégias de leitura (pedindo para lerem mais de uma vez) e as dos colegas ilumina semelhanças e diferenças sobre qual tipo de sentimento cada um quis transmitir com seu tom de voz, por exemplo.

Ler e entender: forte ligação  

O professor também pode alterar elementos na leitura. Experimente ler para a classe sem enfatizar as rimas - isso fará as repetições "sumirem", deixando claro que o jeito como se fala é essencial na poesia. De resto, é permitir que as crianças apreciem a beleza do gênero, atendendo ao apelo de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): "O que eu pediria à escola era considerar a poesia primeiro como visão direta das coisas e depois como veículo de informação prática e teórica, preservando em cada aluno o fundo mágico, lúdico, intuitivo e criativo que se identifica basicamente com a sensibilidade poética"

Há um site especializado em Poesia para crianças, recomendado para profissionais: a Revista Eletrônica Tigre Albino http://www.tigrealbino.com.br.

Há diferentes seções sobre Poesia, com a colaboração de especialistas que escreveram um texto, entrevistaram um poeta, resenharam um livro. Os editores são as especialistas Maria da Glória Bordini, Regina Zilberman e o poeta Sergio Caparelli. Vale a pena conhecer!


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Seqüência didática

Vídeo

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